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1 Amy Schumer & Brianne Howey on the Importance of Female Friendships, Navigating Hollywood's Double Standards, Sharing Their Birth Stories, and MORE 50:05
Em vez de “diabolizar redes sociais”, pedopsiquiatra francesa defende diálogo e regulação
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Vários países, entre eles a França, vêm adotando medidas para controlar o acesso às redes sociais e proteger crianças e adolescentes, que podem ser induzidos a práticas violentas e até mesmo ao suicídio. Em busca de mais audiência, as redes utilizam algoritmos que adaptam o conteúdo em função dos dados e interesses do usuário. Mas esse efeito, conhecido como "filtro bolha", induz falsas percepções e reforça as próprias crenças e opiniões, afetando a capacidade de questionamento. O algoritmo do TikTok é apontado como um dos mais nocivos, mas não é o único.
Taíssa Stivanin, da RFI em Paris
Em julho do ano passado, o governo francês promulgou uma lei que estipula a “maioridade digital” aos 15 anos, idade mínima autorizada para se inscrever nas redes. No Brasil e na França, celulares também estão sendo banidos das escolas. Neste contexto, como proteger crianças e adolescentes? Proibir o acesso adianta?
A RFI conversou com a professora Catherine Jousselme, uma das maiores pedopsiquiatras francesas, autora de diversos livros e estudos sobre a questão e que, ao longo de sua carreira, dirigiu vários centros infanto-juvenis no país. Para ela, não existe uma só solução, mas preconizações que envolvem a escola, os pais, governos e os profissionais da saúde.
“Vivemos em um mundo onde deveríamos tomar consciência do perigo de certas práticas, não só para a saúde, mas também para o psiquismo dos jovens. São necessários filtros que funcionem nas redes sociais e restrições em função da idade, o que não é o caso”, alerta.
Segundo a psiquiatra francesa, novos dados publicados no ano passado mostram que cerca de 45% de adolescentes entre 11 e 12 anos utilizam TikTok com frequência. Há vários riscos envolvidos, observa Catherine Jousselme. Os distúrbios do sono, por exemplo, são algumas das consequências da exposição excessiva às telas, principalmente de noite.
O uso do celular antes de dormir deixa o cérebro em alerta e aumenta a tentação do scrolling. Dormir pouco também aumenta a vontade de comer mais açúcar e desmotiva o adolescente a praticar uma atividade física, considerada como um dos elementos essenciais para o equilíbrio emocional.
“Essas ferramentas causam dependência. Sabemos que nosso cérebro tem um circuito de tratamento da imagem que é bem mais rápido do que o circuito que gerencia a linguagem e a reflexão”, explica. Para gerar essa dependência, redes sociais como TikTok se baseiam em um sistema algorítmico próprio e tóxico, com uso inapropriado dos dados, ressalta.
Essa ausência de filtros faz com que imagens de extrema violência estejam ao alcance dos jovens de maneira ininterrupta. Alguns vídeos trazem até mesmo o “passo a passo” de como se suicidar, exemplifica Catherine Jousselme, “o que é, obviamente, gravíssimo”.
Infelizmente, em boa parte dos casos, os pais ignoram que esses vídeos estejam acessíveis e tenham sido consultados pelos filhos. Por curiosidade ou impulso, ou sugestão de amigos, os adolescentes muitas vezes não resistem a clicar em imagens, que geram, nas palavras da psiquiatra, “sideração psíquica”.
Em adolescentes vulneráveis, haverá uma tendência a buscar conteúdos de extrema violência, que criem uma identificação com seus próprios traumatismos. Essa exposição frequente à crueldade sem limites compromete o desenvolvimento da empatia, explica a pedopsiquiatra, e desencadeia comportamentos violentos.
Diálogo e regulação
O consumo ininterrupto do conteúdo gerado pelas redes torna os jovens presas fáceis. Esse risco cresce na adolescência, um período marcado por transformações e incertezas.
“Se você assiste a vídeos sem parar durante duas ou três horas, seu cérebro não ativará seu sistema de reflexão. Ele estará o tempo todo focado no imediatismo provocado pelos circuitos que gerenciam o tratamento da imagem, que se ativará de forma permanente, sem nenhum senso crítico”, afirma a especialista.
“O jovem pode ser influenciado, se fechar, não conversar mais com seus pais sobre aquilo que está vendo. Eles então continuam assistindo conteúdos violentos, que vão aumentar seu mal-estar, sem filtro”, alerta. “Se por acaso, por azar, nesse momento a pessoa está passando por um momento difícil, como o divórcio dos pais, esses vídeos podem induzir alguns deles ao suicídio, sobretudo na adolescência”.
Segundo a psiquiatra, a maneira como esses adolescentes vão reagir aos conteúdos violentos é diferente e varia em função de como a família alertou para os riscos, do controle parental e dos traumas vividos.
Manter o diálogo aberto e um bom relacionamento com os pais é fundamental para evitar situações trágicas, lembra a pesquisadora francesa, mas não é uma garantia, o que torna ainda mais necessária a regulação das plataformas.
O que acontece no cérebro?
Na adolescência, dois sistemas cerebrais se desenvolvem, mas de maneira assíncrona. Um deles é o límbico, que gerencia, entre outros aspectos, o apetite, o desejo e o prazer. Ele "amadurece" mais rápido do que o circuito ativado pelo córtex pré-frontal, responsável pela conexão com outras áreas do cérebro e pela planificação, o estabelecimento de metas, estratégias e tomada de decisões.
Segundo a psiquiatra, como esses dois sistemas não se desenvolvem de maneira simultânea, o cérebro de todos os adolescentes está “naturalmente em desequilíbrio”, mesmo que não haja dificuldades particulares.
“O adolescente quer tudo na hora, pensar menos e agir mais. Cabe aos pais lembrar que a reflexão é importante. Mas se eles dispõem de ferramentas, sem nenhum controle, que estimulam o inverso, se tornarão mais dependentes das telas do que os adultos” - e também mais propensos a atos violentos.
A superexposição às telas e a ativação frequente do circuito que gerencia as imagens traz consequências cerebrais concretas. Elas vão solicitar a parte mais rápida e intuitiva do cérebro e o mecanismo de consolidação das informações na memória a longo prazo ficará em segundo plano.
Os circuitos usados na capacidade de aprendizagem, de julgamento e de crítica acabam, desta forma, sendo pouco mobilizados, simplesmente porque “tudo vai rápido demais”, diz a psiquiatra. O sistema intuitivo acaba prevalecendo.
“O movimento do olho para o polegar em direção à tela do celular é tão rápido que o córtex pré-frontal, a estrutura que regula a atividade cerebral, acaba sendo mobilizada para outra função, que é a de tomar decisões o mais rápido possível”, explica.
O consumo irrestrito e ilimitado de conteúdos violentos nas redes é apontado como uma das causas da explosão dos casos de depressão, ansiedade e outros distúrbios mentais entre os jovens de menos de 20 anos, lembra Catherine Jousselme. Mas ela e outros profissionais da saúde concordam que "diabolizar" as telas e as redes sociais e proibir totalmente o acesso não é a melhor solução. Pelo contrário.
“As telas não devem ser diabolizadas. Mas a exposição permanente, no início da adolescência, a conteúdos nas redes sociais que não são filtrados, e possibilitam o acesso a cenas traumáticas, que mesmo nós adultos não podemos suportar, não é aceitável”. Segundo ela, o único caminho possível é explicar para os adolescentes a importância das ferramentas digitais, lembrando de seus riscos e limites.
Recomendações
A pedopsiquiatra recomenda dar o primeiro celular, sem acesso a internet, por volta dos 11 anos. Aos 13 anos, a internet só deve ser utilizada em casa e acessada pelo wifi com controle parental. O primeiro contato com as redes sociais só deve acontecer, no mínimo, aos 15 anos, com acompanhamento.
O diálogo e os limites de consumo devem ser mantidos e as eventuais tensões com o adolescente não devem desencorajar os pais. Além disso, os pais e os próprios jovens devem se informar mais sobre o funcionamento cerebral na adolescência.
"O cérebro entre 0 e 15 anos não é o mesmo. Se ele só ativar o sistema intuitivo, ficará mais difícil desenvolver outras funções necessárias ao planejamento e análise na idade adulta", reitera.
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Vários países, entre eles a França, vêm adotando medidas para controlar o acesso às redes sociais e proteger crianças e adolescentes, que podem ser induzidos a práticas violentas e até mesmo ao suicídio. Em busca de mais audiência, as redes utilizam algoritmos que adaptam o conteúdo em função dos dados e interesses do usuário. Mas esse efeito, conhecido como "filtro bolha", induz falsas percepções e reforça as próprias crenças e opiniões, afetando a capacidade de questionamento. O algoritmo do TikTok é apontado como um dos mais nocivos, mas não é o único.
Taíssa Stivanin, da RFI em Paris
Em julho do ano passado, o governo francês promulgou uma lei que estipula a “maioridade digital” aos 15 anos, idade mínima autorizada para se inscrever nas redes. No Brasil e na França, celulares também estão sendo banidos das escolas. Neste contexto, como proteger crianças e adolescentes? Proibir o acesso adianta?
A RFI conversou com a professora Catherine Jousselme, uma das maiores pedopsiquiatras francesas, autora de diversos livros e estudos sobre a questão e que, ao longo de sua carreira, dirigiu vários centros infanto-juvenis no país. Para ela, não existe uma só solução, mas preconizações que envolvem a escola, os pais, governos e os profissionais da saúde.
“Vivemos em um mundo onde deveríamos tomar consciência do perigo de certas práticas, não só para a saúde, mas também para o psiquismo dos jovens. São necessários filtros que funcionem nas redes sociais e restrições em função da idade, o que não é o caso”, alerta.
Segundo a psiquiatra francesa, novos dados publicados no ano passado mostram que cerca de 45% de adolescentes entre 11 e 12 anos utilizam TikTok com frequência. Há vários riscos envolvidos, observa Catherine Jousselme. Os distúrbios do sono, por exemplo, são algumas das consequências da exposição excessiva às telas, principalmente de noite.
O uso do celular antes de dormir deixa o cérebro em alerta e aumenta a tentação do scrolling. Dormir pouco também aumenta a vontade de comer mais açúcar e desmotiva o adolescente a praticar uma atividade física, considerada como um dos elementos essenciais para o equilíbrio emocional.
“Essas ferramentas causam dependência. Sabemos que nosso cérebro tem um circuito de tratamento da imagem que é bem mais rápido do que o circuito que gerencia a linguagem e a reflexão”, explica. Para gerar essa dependência, redes sociais como TikTok se baseiam em um sistema algorítmico próprio e tóxico, com uso inapropriado dos dados, ressalta.
Essa ausência de filtros faz com que imagens de extrema violência estejam ao alcance dos jovens de maneira ininterrupta. Alguns vídeos trazem até mesmo o “passo a passo” de como se suicidar, exemplifica Catherine Jousselme, “o que é, obviamente, gravíssimo”.
Infelizmente, em boa parte dos casos, os pais ignoram que esses vídeos estejam acessíveis e tenham sido consultados pelos filhos. Por curiosidade ou impulso, ou sugestão de amigos, os adolescentes muitas vezes não resistem a clicar em imagens, que geram, nas palavras da psiquiatra, “sideração psíquica”.
Em adolescentes vulneráveis, haverá uma tendência a buscar conteúdos de extrema violência, que criem uma identificação com seus próprios traumatismos. Essa exposição frequente à crueldade sem limites compromete o desenvolvimento da empatia, explica a pedopsiquiatra, e desencadeia comportamentos violentos.
Diálogo e regulação
O consumo ininterrupto do conteúdo gerado pelas redes torna os jovens presas fáceis. Esse risco cresce na adolescência, um período marcado por transformações e incertezas.
“Se você assiste a vídeos sem parar durante duas ou três horas, seu cérebro não ativará seu sistema de reflexão. Ele estará o tempo todo focado no imediatismo provocado pelos circuitos que gerenciam o tratamento da imagem, que se ativará de forma permanente, sem nenhum senso crítico”, afirma a especialista.
“O jovem pode ser influenciado, se fechar, não conversar mais com seus pais sobre aquilo que está vendo. Eles então continuam assistindo conteúdos violentos, que vão aumentar seu mal-estar, sem filtro”, alerta. “Se por acaso, por azar, nesse momento a pessoa está passando por um momento difícil, como o divórcio dos pais, esses vídeos podem induzir alguns deles ao suicídio, sobretudo na adolescência”.
Segundo a psiquiatra, a maneira como esses adolescentes vão reagir aos conteúdos violentos é diferente e varia em função de como a família alertou para os riscos, do controle parental e dos traumas vividos.
Manter o diálogo aberto e um bom relacionamento com os pais é fundamental para evitar situações trágicas, lembra a pesquisadora francesa, mas não é uma garantia, o que torna ainda mais necessária a regulação das plataformas.
O que acontece no cérebro?
Na adolescência, dois sistemas cerebrais se desenvolvem, mas de maneira assíncrona. Um deles é o límbico, que gerencia, entre outros aspectos, o apetite, o desejo e o prazer. Ele "amadurece" mais rápido do que o circuito ativado pelo córtex pré-frontal, responsável pela conexão com outras áreas do cérebro e pela planificação, o estabelecimento de metas, estratégias e tomada de decisões.
Segundo a psiquiatra, como esses dois sistemas não se desenvolvem de maneira simultânea, o cérebro de todos os adolescentes está “naturalmente em desequilíbrio”, mesmo que não haja dificuldades particulares.
“O adolescente quer tudo na hora, pensar menos e agir mais. Cabe aos pais lembrar que a reflexão é importante. Mas se eles dispõem de ferramentas, sem nenhum controle, que estimulam o inverso, se tornarão mais dependentes das telas do que os adultos” - e também mais propensos a atos violentos.
A superexposição às telas e a ativação frequente do circuito que gerencia as imagens traz consequências cerebrais concretas. Elas vão solicitar a parte mais rápida e intuitiva do cérebro e o mecanismo de consolidação das informações na memória a longo prazo ficará em segundo plano.
Os circuitos usados na capacidade de aprendizagem, de julgamento e de crítica acabam, desta forma, sendo pouco mobilizados, simplesmente porque “tudo vai rápido demais”, diz a psiquiatra. O sistema intuitivo acaba prevalecendo.
“O movimento do olho para o polegar em direção à tela do celular é tão rápido que o córtex pré-frontal, a estrutura que regula a atividade cerebral, acaba sendo mobilizada para outra função, que é a de tomar decisões o mais rápido possível”, explica.
O consumo irrestrito e ilimitado de conteúdos violentos nas redes é apontado como uma das causas da explosão dos casos de depressão, ansiedade e outros distúrbios mentais entre os jovens de menos de 20 anos, lembra Catherine Jousselme. Mas ela e outros profissionais da saúde concordam que "diabolizar" as telas e as redes sociais e proibir totalmente o acesso não é a melhor solução. Pelo contrário.
“As telas não devem ser diabolizadas. Mas a exposição permanente, no início da adolescência, a conteúdos nas redes sociais que não são filtrados, e possibilitam o acesso a cenas traumáticas, que mesmo nós adultos não podemos suportar, não é aceitável”. Segundo ela, o único caminho possível é explicar para os adolescentes a importância das ferramentas digitais, lembrando de seus riscos e limites.
Recomendações
A pedopsiquiatra recomenda dar o primeiro celular, sem acesso a internet, por volta dos 11 anos. Aos 13 anos, a internet só deve ser utilizada em casa e acessada pelo wifi com controle parental. O primeiro contato com as redes sociais só deve acontecer, no mínimo, aos 15 anos, com acompanhamento.
O diálogo e os limites de consumo devem ser mantidos e as eventuais tensões com o adolescente não devem desencorajar os pais. Além disso, os pais e os próprios jovens devem se informar mais sobre o funcionamento cerebral na adolescência.
"O cérebro entre 0 e 15 anos não é o mesmo. Se ele só ativar o sistema intuitivo, ficará mais difícil desenvolver outras funções necessárias ao planejamento e análise na idade adulta", reitera.
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