Revistas semanais francesas repercutem morte de Jean-Marie Le Pen, o 'último monstro da República'
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Três das maiores revistas semanais francesas repercutem, neste fim de semana, a morte de Jean-Marie Le Pen, fundador do maior partido de extrema-direita da França, o Front National (Frente Nacional, ou FN). A sigla foi rebatizada de Rassemblement National (Reunião Nacional, RN), numa tentativa de amenizar a imagem do partido de origens neofascistas, que continua a ganhar espaços importantes na vida política francesa em 2025.
"Jean-Marie Le Pen, a morte do último monstro da República", titula a revista francesa L'Express em sua edição deste fim de semana. A publicação relembra algumas das frases famosas do pai de Marine Le Pen: "Eu, fascista? Não fui socialista o suficiente para isso". Para fundar seu partido, Jean-Marie chegou a se aliar a um ex-membro do braço armado da SS (Schutzstaffel), uma organização paramilitar alemã poderosa e temida sob o regime nazista.
L'Express nota que a morte do ex-líder da extrema direita francesa, ocorrida na terça-feira, 7 de janeiro, marca o fim de um capítulo da Quinta República [iniciada com a Constituição de 1958]. "Jean-Marie Le Pen assistiu à ascensão de todos os presidentes da Quinta República. Jacques Chirac foi aquele que ele mais odiou, François Mitterrand foi o que mais o encantou", contextualiza a revista, citando uma das frases preferidas do ex-chefe da extrema direita francesa: "Quando eu morrer, vou ser um tipo formidável. As pessoas adoram os mortos na França".
Herdeiros "mais poderosos do que nunca"
A revista Nouvel Obs traz em sua capa o patriarca do clã Le Pen, e sublinha que "durante mais de meio século, a figura tutelar da extrema direita marcou a vida política francesa.
"Ele deixa para trás herdeiros mais poderosos do que nunca", salienta. "Hoje, seus herdeiros ocupam assentos na Assembleia, invadem os estúdios de televisão e fazem uma infinidade de selfies. O lepenismo assusta e preocupa uma parte do país que não esquece nem sua história, nem seus valores. Marine Le Pen sabe que para ter esperança de vencer, ainda há um 'tabu moral' a ser quebrado: esse nome Le Pen que ela carrega e do qual ela continua, por mais que diga o contrário, a herdeira", publica o L'Obs.
A revista Le Point analisa Le Pen como "o veneno da direita" e lembra que "desde a década de 1980, Jean-Marie Le Pen envenenou a vida da chamada direita republicana, que oscilou entre aproximações contestadas e distanciamentos impostos".
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